quinta-feira, 24 de junho de 2010

Hoje!

                 Hoje finalmente terminei de arrumar as malas pra ir pra Itajaí... Confesso que agora o coração ta apertadinho porque vou deixar todo mundo aqui, por mais que sejam só 40 dias... Ao terminar, fiz algumas ligações para confirmar os detalhes, resolver alguns pepinos, etc. Depois fui à cidade comprar algumas coisas pra levar, terminei tudo que tinha para fazer lá e fui para o ponto de ônibus...
                  Sentada lá brisando, imaginando como serão esses dias... Um senhor começou a tocar violão às musicas eram antigas, serenas, falavam de Deus acho que a composição era dele porque dizia como Deus o libertou das coisas do mundo. Ao meu lado também estava uma senhora que logo começou a conversar comigo falando do tody que ela viu em minha sacola (RS), ela começou a me ensinar receitinhas para o frio (acho que serão uteis rs)... Derrepente um bêbado começou a gritar o violeiro do outro lado, que há principio o ignorou pensando que ele fosse dizer alguma bobeira, mais logo voltou seu rosto envelhecido pelo tempo pra esse homem...Então surpreendentemente o homem disse: “No mundo deveria existir mais pessoas como o senhor para alegrar nossos dias!”
                  Estava com a mente descansada, limpa, acho que foi por isso que imediatamente fiquei imaginando como seria a vida daquele homem, observei seus traços, sua face cansada e embriagada, imaginei sua historia, seus sonhos, suas lutas e o que o levou a enterrar tudo isso na bebida. Imaginei também a vida daquele senhor sereno que cantava sem temor, sem intenção de agradar, só cantava pra quem quisesse ouvir, e aquela senhora com o brilho da humildade estampada no seu olhar tranqüilo.
                  Logo o homem bêbado se calou, a senhora se levantou sem dizer tchau e sumiu na esquina. Talvez eu nunca mais os veja, se os encontrar não sei se lembraria fácil de suas expressões mais eu sei que suas vidas seguirão de qualquer jeito, em algum lugar sabe se la como.
Meu ônibus chegou e eu embarquei. Acomodei-me em um lugar e continuei pensando nas vidas daquelas pessoas, mais tive que levantar rápido porque entrou outra senhora cheia de sacolas, então cedi meu lugar a ela, um pouco mais a frente outra senhora pediu que eu puxasse a cordinha pra ela descer.
                Enfim, cheguei em casa e comecei a refletir sobre tudo que vi tudo que perdemos de ver no dia a dia, tudo que ignoramos por falta de tempo, por falta de atenção... Claro que nos também temos nossas preocupações, nossos problemas, nossos pesares, mais será que não somos um pouco egoístas quanto às pessoas que clamam num olhar por um pouco de esperança? Será que nos tornamos tão egoístas com nossa correria constante pra acalentar o grande vazio que não conseguimos preencher no coração?
               Se eu dissesse que sei as respostas estaria mentindo, se eu dissesse que vejo isso todos os dias também mentiria porque eu também corro pra preencher o que falta e fecho os olhos para não ver o que não sou capaz de mudar... Mais será que é isso que Deus quer de nós?
             Agora faltam poucas horas pra eu embarcar, e oro a Deus para que eu seja capaz de enxergar todos os dias a necessidade de palavras das pessoas desse lugar que pra mim ainda é desconhecido, mesmo que me falte amor, mesmo que seja maltratada, que passe por maus momentos, que Deus possa me dar discernimento para que seja feita a vontade DEle e quem sabe algum dia eu também possa ouvir de alguém...

“No mundo deveria existir mais pessoas como o senhor para alegrar nossos dias!”



A felicidade é um sentimento simples; você pode encontrá-la e deixá-la ir embora, por não perceber a sua simplicidade (Mario Quintana)

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